domingo, 17 de julho de 2011

Um degrau de cada vez


A eliminação da seleção brasileira diante do Paraguai pelas quartas de final da Copa América serviu para colocar o dedo em uma ferida, cuja gravidade poucos estão percebendo.

Chega a ser covardia depositarmos toda a esperança de títulos para o Brasil em jovens como Paulo Henrique Ganso, Neymar e Patto. Com exceção de Pelé, nem mesmo outros importantes jogadores que brilharam com a camisa amarela foram pressionados tão precocemente como essa geração.

Vamos aos fatos usando Neymar como referência. O garoto de moicano e que usa chuteiras coloridas já é considerado um protagonista com apenas 19 anos e qualquer fracasso como o de hoje pode ser prejudicial à continuidade de sua carreira.

Antes de qualquer precipitação com o camisa 11 santista, devemos lembrar que Zico, Careca, Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká tiveram que esperar sua hora para se tornarem "o cara" da seleção e só conseguiram sucesso com esse status porque o alcançaram com mais idade, logo, com mais bagagem.

Zico teve que trabalhar muito para ter sua vez depois que Rivelino abandonou a "amarelinha". O mesmo ocorreu com Careca em relação a Reinaldo e Romário em relação a Careca.

Até mesmo Ronaldo, outro precoce, aguardou algum tempo para ser o mais importante jogador do Brasil, já que por alguns anos, teve o Baixinho como parceiro, mentor e até mesmo concorrente na opinião popular.

Kaká e Ronaldinho Gaúcho, mesmo sendo jovens campeões em 2002, foram apenas coadjuvantes de atletas mais velhos. Kaká com 20 anos, jogou poucos minutos daquela Copa, enquanto Ronaldinho com 22 e mesmo titular, não passou de um ótimo colaborador para a equipe.

O que eu quero dizer com essas comparações? Quero dizer que não é somente mérito de Neymar, ser protagonista com tão pouca idade e sim, que isso seja resultado de uma lacuna na "passagem de bastão" deixada como herança por uma safra anterior mal sucedida.

E quem seriam os craques que poderiam estar passando esse bastão ao garoto? Os próprios Ronaldinho Gaúcho e Kaká, que hoje, com apenas 31 e 29 anos respectivamente, estão longe de vestir a camisa pentacampeã. Um por descaso e outro por acaso.

Felipe Reis

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