quinta-feira, 5 de julho de 2012

Um roteiro digno de Oscar

Alessandro levanta a primeira Libertadores da história do Corinthians
Quando Tite chegou ao Corinthians ainda faltando 8 jogos para o término do Campeonato Brasileiro de 2010, todos pensaram (inclusive eu) que essa escolha poderia ser arriscada, já que o Gaúcho poucas vezes campeão até então, era notado por ser um técnico pragmático e formador de equipes retruncadas.

O Brasileirão daquele ano acabou e o título que todos esperavam não veio. O que restou ao alvinegro da Marginal foi uma terceira colocação e o direito de disputar a fase eliminatória da Taça Libertadores de 2011 contra o modesto e desconhecido Tolima da Colômbia.

Émerson: decisivo
E ao contrário do que todos apostavam, o time sofreu uma das mais lembradas (pelos torcedores rivais) e inesperadas derrotas de sua história.

Só que por outro lado, a consequência da catástrofe não foi desastrosa como sempre costumava ser após um imenso fracasso do clube em competições importantes. O então presidente Andrés Sanchez bateu o pé e a cabeça do treinador foi mantida e o elenco não foi reformulado.

A manutenção do comandante e do grupo foi vital. Com o passar dos meses em 2011, o plantel absorveu a queda no torneio continental e ganhou força, coletividade e principalmente, harmonia. Na campanha do vice-campeonato paulista daquele ano já era nítida a diferença de postura.

Começou o Campeonato Brasileiro e o Corinthians teve um início jamais realizado por outra equipe na história. Foram 9 vitórias em 10 jogos disputados. O título era questão de paciência e foco.

Paulinho: o operário
Tite se mostrava um belo exemplo de que todo técnico precisa de tempo para saber como utilizar seus subordinados em campo. Ainda assim eu questionava seu trabalho e o analisava como um comandante sem gana de vencedor, ou melhor dizendo, com medo de ganhar.

Enfim, onze meses se passaram do tombo gigantesco e o Timão levantava seu quinto troféu do Campeonato Brasileiro. Poucos poderiam acreditar que um ano com início tão trágico pudesse terminar de forma tão feliz. Porém, como na vida de um corintiano tudo tem seu toque dramático, junto com o título veio também o falecimento de Sócrates, um dos maiores ídolos da nação fiel.

Já as minhas críticas ao comandante foram perdendo espaço a uma opinião mais branda sobre sua conduta profissional. A lição que aprendi é que nenhuma análise pode ser definitiva. É preciso prestar atenção nisso quando se fala sobre algo ou alguém.
Cássio: da reserva ao estrelato

2012 chegou e ainda que o ano tenha começado com uma recente conquista importante, era outra temporada de Taça Libertadores da América. Com isso, voltaria a surgir as dúvidas quanto ao potencial e psicológico dos jogadores sob tanta pressão nesta disputa.

Em um grupo relativamente fácil, o Corinthians cumpriu bem seu papel de favorito perante seus três adversários e ficou na primeira colocação sem grandes problemas.

Apesar de parecer uma boa película de drama até aqui, ela ainda estava no meio e ninguém tinha exata noção de como seria o seu final.

Classificado na segunda colocação na soma geral dos pontos do torneio, a equipe guiada por Tite enfrentaria o Emelec do Equador pelas oitavas-de-final.

 Fase tranquila e missão cumprida!

Um empate sem gols fora e uma confortável vitória por 3 a 0 no Pacaembu dava ao "Bando de loucos" uma ponta de esperança seguida de uma indagação: "será que esse conjunto poderia realmente ser campeão da América?"

Danilo: o predestinado
A resposta foi ficando mais clara depois das duas partidas seguintes diante do Vasco da Gama, maior concorrente ao título do Campeonato Brasileiro de 2011 e representado por uma equipe de respeito com jogadores como Diego Souza, Juninho Pernambucano, Felipe e Dedé.

Novamente um 0 a 0 no estádio inimigo e uma vitória, dessa vez por 1 a 0 no Pacaembu, fizeram o sonho ficar mais próximo de se tornar realidade.

Semi-final à vista!

O inimigo da vez era o Santos, atual vencedor da competição e que tinha sua camisa vestida pelo mais talentoso jogador da continente no momento: Neymar.

Além da qualidade técnica, a motivação do alvinegro praiano também era sua aliada, uma vez que o clube comemorava um centenário e enfrentava seu principal rival histórico.

Como em um jogo de vídeo-game, as etapas foram ficando mais árduas para o Corinthians. A equipe santista comandada pelo seu camisa 11 era perigosíssima e queria demais o tetracampeonato em seu centésimo aniversário. No entanto, frustrando todas as expectativas da equipe caiçara, o Timão saiu vitorioso na soma das duas disputas (2 a 1) e rumou brilhantemente à inédita decisão.

Agora, o fim do filme estava próximo e todos os espectadores fiéis sentiam que poderia ser feliz. 

Romarinho: o iluminado
A finalíssima tão sonhada era nada mais nada menos contra o Boca Juniors, "bicho-papão" dos brasileiros nos últimos anos e que por 6 vezes sagrou-se campeão da Libertadores.

E nem mesmo a força mística da camisa azul e amarela poderiam mudar um destino já traçado com todos os requintes de um grande longa-metragem.

Depois de um empate por 1 a 1 na temida La Bombonera pela partida de ida, o Corinthians receberia seu oponente em um Paulo Machado de Carvalho lotado e sem o menor respeito aos Xeneizes impôs  um 2 a 0 com autoridade para ficar com o inédito troféu continental para sua galeria.

O peso foi tirado das costas. Seria sim o fim das piadas de torcedores alheios. A Taça Libertadores da América era enfim, do Sport Club Corinthians Paulista.

Um término épico para uma longa jornada. O melhor diretor juntamente do mais criativo roteirista seriam incapazes de produzir uma história tão bem imaginada onde tudo daria certo para o personagem principal. A vida surpreende e o Corinthians mais ainda!

Felipe Reis

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