quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O emprego amaldiçoado


A nova derrota da seleção brasileira, dessa vez em um amistoso diante da Alemanha, fez reacender um antigo clichê futebolístico: culpar somente o treinador.

É muito mais cômodo para o torcedor ou até mesmo para a imprensa, fazer do técnico o alvo principal no caso de um possível fracasso do escrete verde e amarelo.

Basta pensar que nos últimos 25 anos não houve um treinador que ficou imúne a críticas durante sua trajetória como comandante da seleção. Indo mais além, faço aqui a seguinte indagação: com exceção à Felipão em 2002, qual o técnico que deixou ileso, esse cargo tão árduo?

Temos que lembrar que o gaúcho contou com uma grande parcela de sorte na Copa de 2002 e que em 2001 perdeu uma Copa América de maneira vergonhosa e naquele mesmo ano, durante as Eliminatórias, encontrou extremas dificuldades para achar uma equipe com um material humano muito mais qualitativo do que temos hoje.

Enfim, respondendo a questão, citarei aqui técnicos que antes de serem responsáveis pela seleção, eram louvados e endeusados por torcedores mais fanáticos, mas que após assumirem tal cargo, viraram uma espécie de "Boneco de Judas" pendurados em um poste de praça pública.

Evaristo de Macedo, Telê Santana, Carlos Alberto Silva, Sebastião Lazaroni, Paulo Roberto Falcão, Carlos Alberto Parreira (saiu como herói em 1994, mas vilão em 2006), Zagallo, Vanderlei Luxemburgo, Emerson Leão e Dunga poderiam explicar melhor o que sentiram na pele ao serem apedrejados diariamente.

O fato é que, errando ou acertando, Mano Menezes é apenas mais um que será cobrado e questionado enquanto estiver com a "batata quente" nas mãos. A opinião pública é acomodada em criticar apenas um treinador que não a satisfaz em uma eventual convocação ou o jogador que falha em determinado lance de uma partida.

O torcedor brasileiro se acostumou em achar que o nosso futebol é o número 1 do mundo e que para vencer a todos basta escalar o atleta que ele acredita ser craque. A receita não é mais essa. Outros evoluíram e nossa safra não é boa. Tenho a sensação, que o povo tem mais dificuldade de assumir tal fato do que teria para confessar um crime.

Deixo claro que não sou um defensor de Mano Menezes, mas sim um crítico do sistema que a CBF utiliza em relação ao cargo de técnico da seleção brasileira. Não basta simplesmente "renovar um ciclo" após uma Copa perdida. Tem que haver continuidade. É ela que constrói o conjunto e é o conjunto que constrói vitórias. Dois exemplos bem sucedidos desse argumento vem do mesmo país. A seleção da Espanha e o time do Barcelona, hoje, são o que são devido a esse método de trabalho.

Felipe Reis

Um comentário:

  1. Fefa, muito bom o texto!!! Falando em mudanças, tem que começar pelo alto...Ricardo Teixeira dominou o pagode e ta vendo se consegue ficar no poder mais tempo que o Kadafi!!!
    Dono do melhor e mais caro time do mundo (individualmente falando), arrecada milhões por ano e ninguém sabe o que faz com esse dinheiro, além de empregar umas múmias que lá estão por toda eternidade! É por isso que eu sou muito mais meu time (S.F.C)!
    abraços,
    Tatá

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