quinta-feira, 12 de julho de 2012

O imponente voltou ao topo

O Palmeiras conquista sua segunda Copa do Brasil na história
O Palmeiras é o campeão da Copa do Brasil 2012 e não importa, se para atingir tal feito aproveitou a ausência de seis equipes teóricamente mais fortes devido a disputa da Taça Libertadores da América. O fato é que o torcedor alviverde merece comemorar seu primeiro título em âmbito nacional neste século.

Enfim, a diretoria deu tempo a um treinador já com passado de história no clube e pôde ver seu time levantar um troféu de relevância após 13 anos.

É óbvio que Luiz Felipe Scolari foi beneficiado pelo peso de seu nome em algumas situações controversas e declarações polêmicas contra cartolas da instituição. Se fosse qualquer outro técnico de menor expressão já estaria muito longe do Parque Antártica. 

O próprio Coritiba, finalista da Copa do Brasil diante do Verdão neste ano, poderia ter sido o algoz do Gaúcho após um sonoro e humilhante 6 a 0. Resultado que praticamente selou a eliminação da equipe do Palestra Itália na edição de 2011 da mesma competição que hoje o Palmeiras é atual vencedor.

Felipão mostrou mais uma vez que é um exímio especialista em torneios de mata-mata. Não era nem preciso ser ganhador pela quarta vez da Copa do Brasil, a terceira de forma invicta, para provar a sua autoridade no assunto.

E longe de querer tirar os méritos do alviverde nessa conquista, é preciso lembrar que o clube não pode se contentar em colocar, esporadicamente, estrelas em seu manto. É necessário continuidade nas vitórias e principalmente, retornar ao costume de ser um gigante no futebol brasileiro.

Felipe Reis

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A invasão gringa em terras brasucas

Seedorf e Forlán: duas estrelas em gramados pelo Brasil
Clarence Seedorf e Diego Forlán são as mais novas (e possivelmente brilhantes) estrelas estrangeiras do nosso futebol. É neles que Botafogo e Internacional de Porto Alegre, respectivamente, irão apostar as fichas para a realização de uma grande campanha num Brasileirão já em andamento.

O meia holandês aterrisa no Brasil com um currículo que dispensa apresentações. Dono de um conhecimento fora do comum de tempo e espaço dentro de campo, Seedorf, já com 36 anos, é um veterano de guerra muito rodado e vencedor em todos os territórios que passou.

É o único jogador tetracampeão da Champions League por três equipes diferentes (Ajax 1995, Real Madrid 1998 e Milan 2003 e 2007). Em três dessas ocasiões, veio a se sagrar campeão mundial interclubes (1995, 1998 e 2007). Já com a seleção holandesa, o craque esteve em duas Copas do Mundo, 1998 e 2006.

Seedorf não é daqueles que vem ao Rio de Janeiro para tomar água de côco esperando o salário cair na sua conta enquanto engana a torcida com toques de lado e pouca movimentação. A entrave realmente será o preparo físico e não a motivação.

É bom que se saiba também que apesar do enorme talento, o ex-milanista não possui o perfil de chegar ao ataque e fazer muitos gols. Este atleta é um exímio carregador de piano, mas passa longe de ser um artilheiro. Se a torcida botafoguense espera por isso, se decepcionará!

Quanto a Diego Forlán, seu histórico profissional não deixa a desejar ao primeiro citado neste artigo. Melhor jogador do Mundial de seleções em 2010, o uruguaio é um dos ícones de ótimas campanhas da Celeste Olímpica em torneios pelas quais ela participou recentemente.

Porém, mesmo com esse status e duas chuteiras de ouro (2004/2005 e 2008/2009) conquistadas por artilharias em grandes ligas européias na bagagem, Diego chega a Porto Alegre sob olhares duvidosos devido ao mal desempenho decorrente de uma série de lesões em sua última temporada pela Inter de Milão.

Ainda que os dois contratados sejam de peso e principalmente, de outra nacionalidade, procuro sempre lembrar que não podemos ficar vivendo de atletas já em fase terminal de carreira. Por mais famosos e vitoriosos que sejam.

Outra observação a ser feita é que não é a questão técnica que está atraindo essa maré estrangeira para cá, e sim a financeira. Hoje todos tem a sabedoria que se paga muito bem por aqui.

E não que eu esteja sendo contra a vinda deles, mas enquanto nos preocuparmos mais com o nome e passado de um jogador na hora de uma aquisição, o futebol brasileiro só tende a regredir e não o contrário como muitos pensam.

Apesar disso, torço para que ambos tenham sucesso em suas instituições e que a competição nacional fique ainda mais disputada e melhor observada com a presença dos dois astros.

Felipe Reis

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Um roteiro digno de Oscar

Alessandro levanta a primeira Libertadores da história do Corinthians
Quando Tite chegou ao Corinthians ainda faltando 8 jogos para o término do Campeonato Brasileiro de 2010, todos pensaram (inclusive eu) que essa escolha poderia ser arriscada, já que o Gaúcho poucas vezes campeão até então, era notado por ser um técnico pragmático e formador de equipes retruncadas.

O Brasileirão daquele ano acabou e o título que todos esperavam não veio. O que restou ao alvinegro da Marginal foi uma terceira colocação e o direito de disputar a fase eliminatória da Taça Libertadores de 2011 contra o modesto e desconhecido Tolima da Colômbia.

Émerson: decisivo
E ao contrário do que todos apostavam, o time sofreu uma das mais lembradas (pelos torcedores rivais) e inesperadas derrotas de sua história.

Só que por outro lado, a consequência da catástrofe não foi desastrosa como sempre costumava ser após um imenso fracasso do clube em competições importantes. O então presidente Andrés Sanchez bateu o pé e a cabeça do treinador foi mantida e o elenco não foi reformulado.

A manutenção do comandante e do grupo foi vital. Com o passar dos meses em 2011, o plantel absorveu a queda no torneio continental e ganhou força, coletividade e principalmente, harmonia. Na campanha do vice-campeonato paulista daquele ano já era nítida a diferença de postura.

Começou o Campeonato Brasileiro e o Corinthians teve um início jamais realizado por outra equipe na história. Foram 9 vitórias em 10 jogos disputados. O título era questão de paciência e foco.

Paulinho: o operário
Tite se mostrava um belo exemplo de que todo técnico precisa de tempo para saber como utilizar seus subordinados em campo. Ainda assim eu questionava seu trabalho e o analisava como um comandante sem gana de vencedor, ou melhor dizendo, com medo de ganhar.

Enfim, onze meses se passaram do tombo gigantesco e o Timão levantava seu quinto troféu do Campeonato Brasileiro. Poucos poderiam acreditar que um ano com início tão trágico pudesse terminar de forma tão feliz. Porém, como na vida de um corintiano tudo tem seu toque dramático, junto com o título veio também o falecimento de Sócrates, um dos maiores ídolos da nação fiel.

Já as minhas críticas ao comandante foram perdendo espaço a uma opinião mais branda sobre sua conduta profissional. A lição que aprendi é que nenhuma análise pode ser definitiva. É preciso prestar atenção nisso quando se fala sobre algo ou alguém.
Cássio: da reserva ao estrelato

2012 chegou e ainda que o ano tenha começado com uma recente conquista importante, era outra temporada de Taça Libertadores da América. Com isso, voltaria a surgir as dúvidas quanto ao potencial e psicológico dos jogadores sob tanta pressão nesta disputa.

Em um grupo relativamente fácil, o Corinthians cumpriu bem seu papel de favorito perante seus três adversários e ficou na primeira colocação sem grandes problemas.

Apesar de parecer uma boa película de drama até aqui, ela ainda estava no meio e ninguém tinha exata noção de como seria o seu final.

Classificado na segunda colocação na soma geral dos pontos do torneio, a equipe guiada por Tite enfrentaria o Emelec do Equador pelas oitavas-de-final.

 Fase tranquila e missão cumprida!

Um empate sem gols fora e uma confortável vitória por 3 a 0 no Pacaembu dava ao "Bando de loucos" uma ponta de esperança seguida de uma indagação: "será que esse conjunto poderia realmente ser campeão da América?"

Danilo: o predestinado
A resposta foi ficando mais clara depois das duas partidas seguintes diante do Vasco da Gama, maior concorrente ao título do Campeonato Brasileiro de 2011 e representado por uma equipe de respeito com jogadores como Diego Souza, Juninho Pernambucano, Felipe e Dedé.

Novamente um 0 a 0 no estádio inimigo e uma vitória, dessa vez por 1 a 0 no Pacaembu, fizeram o sonho ficar mais próximo de se tornar realidade.

Semi-final à vista!

O inimigo da vez era o Santos, atual vencedor da competição e que tinha sua camisa vestida pelo mais talentoso jogador da continente no momento: Neymar.

Além da qualidade técnica, a motivação do alvinegro praiano também era sua aliada, uma vez que o clube comemorava um centenário e enfrentava seu principal rival histórico.

Como em um jogo de vídeo-game, as etapas foram ficando mais árduas para o Corinthians. A equipe santista comandada pelo seu camisa 11 era perigosíssima e queria demais o tetracampeonato em seu centésimo aniversário. No entanto, frustrando todas as expectativas da equipe caiçara, o Timão saiu vitorioso na soma das duas disputas (2 a 1) e rumou brilhantemente à inédita decisão.

Agora, o fim do filme estava próximo e todos os espectadores fiéis sentiam que poderia ser feliz. 

Romarinho: o iluminado
A finalíssima tão sonhada era nada mais nada menos contra o Boca Juniors, "bicho-papão" dos brasileiros nos últimos anos e que por 6 vezes sagrou-se campeão da Libertadores.

E nem mesmo a força mística da camisa azul e amarela poderiam mudar um destino já traçado com todos os requintes de um grande longa-metragem.

Depois de um empate por 1 a 1 na temida La Bombonera pela partida de ida, o Corinthians receberia seu oponente em um Paulo Machado de Carvalho lotado e sem o menor respeito aos Xeneizes impôs  um 2 a 0 com autoridade para ficar com o inédito troféu continental para sua galeria.

O peso foi tirado das costas. Seria sim o fim das piadas de torcedores alheios. A Taça Libertadores da América era enfim, do Sport Club Corinthians Paulista.

Um término épico para uma longa jornada. O melhor diretor juntamente do mais criativo roteirista seriam incapazes de produzir uma história tão bem imaginada onde tudo daria certo para o personagem principal. A vida surpreende e o Corinthians mais ainda!

Felipe Reis

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Espanha: uma fúria incontrolável

Com um futebol até então utópico, a Espanha domina o cenário mundial

 Depois de conquistar o bicampeonato europeu, a seleção espanhola colocou, definitivamente, seu nome na história do esporte mais popular do planeta. É a primeira vez que um selecionado consegue tal feito e para completar, essa geração excepcional também levantou a taça da Copa do Mundo no intervalo entre ambas competições do Velho Continente.

Até a final do torneio, muitos criticavam o estilo de jogo da Espanha pelo excesso de posse de bola e escassa agressividade. O que poucos percebiam é que a "chatice" no modo de como a turma de Xavi e Iniesta se apresentava durante a disputa era consequência do esquema defensivo que seus adversários adotavam para tentar brecá-los.

E a frustração dos oponentes em não conseguir atuar diante de uma maneira tão simples de jogar futebol é a única explicação para que algumas opiniões tivessem sido demasiadamente duras à Fúria antes da decisão. Eu disse antes, porque depois dela, tudo mudou com o espetáculo dado perante uma Itália querendo sair para o ataque.

Se formos falar da postura de jogo da La Roja nos últimos anos, chegaremos a uma conclusão óbvia de que ela apenas tirou do baú algo que estava guardado há tempos e hoje era visto como utopia: a preferência pelo toque aos chutões, seja na defesa ou principalmente, no ataque.

Iniesta e Xavi: gênios ainda não "compreendidos"
A simplicidade em um fundamento obrigatório no futebol como o passe é a base de sustentação dessa seleção e eles provam que mesmo com o avanço da técnologia em favor do preparo físico, esse esporte ainda pode ser dominado por quem tem melhor qualidade técnica com a bola em seu domínio.

A recente hegemonia também quebra o paradigma de que um time, para ser bom e dar espetáculo, tem que haver nele um protagonista genial que faça muitos gols. Raúl que o diga, né?

Na Espanha, você não vê um personagem como o ex-camisa 7 madrilenho. O que se nota nela são vários coadjuvantes extraordinários que, no quesito técnica e inteligência, são tão espetaculares como um grande artilheiro habilidoso ou um camisa 10 com extrema maestria.

Falo isso, porque Xavi e Iniesta, em um futuro não muito distante, quando já estiverem aposentados, fatalmente não serão lembrados como dois dos maiores jogadores de todos os tempos sendo que essa dupla monstruosa conquistou tudo o que podia com seleção e clube.
 
Uma prova do que estou tentando dizer é que mesmo sabendo disso, muitos por aqui, ainda não os colocam no patamar de Zidane, Romário, Maradona, Platini, Cruyff, Beckenbauer e outros nomes seletos.

Qual o motivo para tal censura aos dois? É para se pensar, né?

Curiosidades sobre o poder da Fúria nos últimos 4 anos:

- A Espanha teve artilheiros nas três competições em que foi campeã. Na Eurocopa 2008, David Villa com 4 gols; Na Copa do Mundo 2010, David Villa com 5 gols e na Eurocopa 2012, Fernando Torres com 3 gols.

- Xavi foi considerado o melhor jogador da Eurocopa 2008, enquanto Iniesta foi eleito o jogador mais valioso da Eurocopa 2012.

- Somando as três competições, a Espanha conquistou 15 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota. Marcou 31 gols e sofreu somente 6. Nas fases de mata-mata de todos os torneios conquistados, a Fúria não sofreu um gol sequer.


Felipe Reis